segunda-feira, 13 de abril de 2009

130409 - OS DOIS "CARAS"

Há anos procuro preencher o meu tempo com coisas positivas que possam contribuir para a formação da nossa gente e, ao mesmo tempo, promover a nossa Ponta da Serra. Assim, iniciei, há seis anos, uma pesquisa sobre as nossas origens, transformada em matéria para a revista Província e em projeto de pesquisa e artigo final do curso de história da Urca. Criei o Jornal e Radiodifusora, funcionando há cinco anos. Recentemente criei os Blogs da Ponta da Serra e do Toinho e um canal de Podcast,onde foi gravado seu primeiro programa com o nosso Hino, do qual tive o prazer de ser autor da letra.
Fico feliz em ver conterrâneo, assim como Raimundo Pereira Sobrinho (Raimundo de João Conrado), dando sua contribuição na manutenção do nosso Blog. Por isso, transformo em postagem seu comentário.

Meu Amigo Toinho

Acho que aqui foi o caminho para que um negro tenha chegado ao comando da nação mais rica do mundo e um operário que desempenha seu segundo mandato presidencial tenha conseguido tanto respeito da comunidade internacional.
4 Abril Morte do heróiSem Martin Luther King, movimento negro americano ficou menos pacifista.
Depois de hesitar muito, o maior líder negro americano, Martin Luther King, abraçara a luta contra a Guerra do Vietnã. A causa da dúvida era o medo de que os negros americanos fossem acusados de antipatrióticos. Sobre o conflito, King dissera: “Precisamos deixar claro que não toleraremos mais, não votaremos mais em homens que continuam a considerar as mortes de vietnamitas e americanos como a melhor maneira de promover a liberdade e a autodeterminação no Sudeste Asiático”.A luta dele contra o racismo começara havia mais de 15 anos. Já nos anos 50 o pastor batista estava engajado em movimentos pelos direitos dos negros. Em sua trajetória, elaborou discursos belíssimos e conseguiu que fosse aprovada a Lei dos Direitos Civis (em 1963), que transformava a legislação segregacionista americana em algo inconstitucional, e, em 1965, que os negros tivessem direito ao voto. Ao mesmo tempo, recebia ameaças de morte, era perseguido pelo FBI e sofria de depressão.Em 1965, King já tentara se engajar na luta pelo fim da Guerra do Vietnã, mas foi atacado por amigos e oposição, que não queriam que ele se metesse nessa briga. Mas, em 1968, King combinou a luta contra o racismo com o ativismo contra a guerra e as desigualdades sociais. O pastor tinha ido para Memphis, no Tennessee, em 4 de abril, para apoiar uma greve de lixeiros. Desiludido com o sonho de um país mais justo e com direitos iguais, começou a escrever o discurso “Por que a América deve ir para o inferno”. Com o sermão inacabado, conversava na sacada do Lorraine Motel quando levou um tiro no pescoço, às 18h01. Morreu uma hora depois, no hospital. O assassino, o branco James Earl Ray, foi preso dois meses depois, mas o crime nunca foi esclarecido.O movimento que tinha em Martin Luther King Jr. seu grande ídolo já estava rachando havia pelo menos dois anos. Outros líderes, como Stokely Carmichael, um intelectual radical nascido em Trinidad e Tobago, estavam falando em “Poder Negro” e estruturando o grupo rebelde dos Panteras Negras, deixando de lado a ideologia não-violenta do pastor King e buscando o confronto com o governo e com os brancos. “Agora que levaram o doutor King, está na hora de acabar com essa merda de não-violência”, desabafou Carmichael, depois daquele 4 de abril.Os líderes dos Panteras Negras não pegavam leve. Os mais moderados exigiam o ensino da história dos negros americanos e de suas lutas políticas em escolas e universidades. Os radicais defendiam uma espécie de nacionalismo negro, no qual os afro-americanos tomavam o poder que lhes havia sido negado – embora ninguém dissesse exatamente qual “Estado” seria criado no lugar dos Estados Unidos “branco”.Nessa onda de radicalismo, os defensores do Poder Negro tentavam encontrar a arte, a moda e até os cortes de cabelo genuinamente africanos. Ao lado dessas preocupações quase sempre inofensivas, alguns intelectuais do movimento defendiam a criação de organizações paramilitares e até o estupro de mulheres brancas (uma forma de revidar os séculos de dominação sexual exercida pelos homens brancos sobre mulheres negras). Ao mesmo tempo, os Panteras Negras exigiam que os afro-americanos ficassem isentos do serviço militar – afinal, não teriam razões para lutar por um país que os oprimia. É claro que os recrutadores não engoliram a idéia.Apesar dos confrontos raciais que se seguiram em muitas das principais cidades americanas, e da repressão muitas vezes brutal da polícia, a ação de Martin Luther King e seus companheiros acabou revertendo de vez a segregação racial institucionalizada nos Estados Unidos. A política de ação afirmativa nas universidades criou uma classe média negra relativamente rica e poderosa. Embora haja tensão racial difusa nas grandes metrópoles americanas, pode-se dizer que é graças aos acontecimentos de 1968 que o negro Barack Obama é hoje um dos principais candidatos a presidente dos Estados Unidos.
Fonte: Revista Aventuras na Historia - Edição 58, maio/2008Editora Abril

COLABORAÇÃO: RAIMUNDO PEREIRA SOBRINHO

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