terça-feira, 14 de abril de 2009

140409 - JORNALISMO NO CARIRI














Oswaldo Alves de Souza João Lindemberg de Aquino

Foto: Antonio Vicelmo


Oswaldo Alves e João Lindemberg são referência na preservação da memória do Cariri por meio de jornais e revistas.




Crato. A história de uma cidade não é conhecida somente em sala de aula ou por livros. Pode-se aprender muito sobre um determinado lugar também pelas notícias jornalísticas. E, na região do Cariri, quem contribuiu para isso foram os idealistas que editaram jornais e revistas: o funcionário público aposentado Oswaldo Alves de Souza, 80 anos, e o escritor João Lindemberg de Aquino, 73 anos, autor dos livros “Roteiro Biográfico das Ruas do Crato”, “Padre Ibiapina”, revista Itaytera e cerca de dez jornais.


Mesmo com a saúde comprometida, Oswaldo pensa em publicar um livro com suas principais reportagens. Ao longo de sua vida, como editor de jornais e revistas, ele escreveu a história do Nordeste. Resgatou valores humanos que foram apagados pela poeira do tempo. De máquina fotográfica em punho e a sensibilidade jornalística a flor da pele, Oswaldo se embrenhou na Caatinga, nas pegadas de Lampião, a procura dos remanescentes do Cangaço. Com o mesmo entusiasmo, entrevistou o inesquecível Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.


Testemunha. Ele acompanhou de perto, como testemunha da história, os principais acontecimentos políticos, administrativos e sociais que marcaram a evolução do Cariri. Percorreu “meio mundo” a procura de fatos pitorescos, tipos populares, crendices, lendas, mitologias que, na verdade, formam a identidade regional.


Já o escritor João Lindemberg levou uma vida dedicada a apaixonante profissão de jornalista, escrevendo, no dia-a-dia, a história de sua cidade e de sua região, numa época em que o jornalismo era exercido muito mais por amor. Era o jornalismo social, praticado com isenção e baseado na formação de uma opinião pública intelectual, culta, responsável. Durante anos, publicou a revista Itaytera, órgão do Instituto Cultural do Cariri que circulou, pela última vez, em 2000.


O médico e historiador Napoleão Tavares Neves lembra que o jornalismo do passado baseava-se, assim como hoje, em premissas como: dignidade, honestidade, ética, responsabilidade e comprometimento com a realidade dos fatos.O colunista social famoso, que cobriu os principais acontecimentos sociais da região, não utilizou o prestígio para a promoção pessoal. Lindemberg vive hoje exclusivamente de um emprego municipal que lhe foi oferecido pelo prefeito Samuel Araripe. Aposentado, sem condições físicas de fazer longas caminhadas no faro da notícia, Oswaldo Alves, agora “oitentão” e com a saúde comprometida, passa a maior parte do tempo relendo os seus arquivos, enquanto Lindemberg, que já foi o mais requisitado colunista social do Cariri, vive recolhido em sua casa.


Para o médico e escritor José Flávio Vieira, o grande desafio do momento é resgatar valores esquecidos. Como compreensão, fraternidade, gratidão, generosidade, alegria, flexibilidade, honestidade, paz, integridade, responsabilidade, parceria. “Estas virtudes estão sendo restauradas na história daqueles que testemunharam e viveram os principais acontecimentos da região”.“Relendo as revistas ‘Região’ e ‘Itaytera’, editadas por Osvaldo e Lindemberg, revejo pelo retrovisor do tempo as dificuldades da época”, diz Zé Flávio, complementando que “as imagens mostram também o escritor arguto, perspicaz. Com certeza, serve de espelho para as novas gerações”.




Mais informações:Oswaldo Alves de SouzaAvenida Duque de Caxias, 623(88) 3523.4369João Lindemberg de Aquino(88) 3523.3108
ANTÔNIO VICELMORepórter




EXTRAIDO DO JORNAL DO NORDESTE

Nenhum comentário: